quinta-feira, dezembro 10, 2009

Cinco e um quarto


Resiliência. Era algo que todos deveríamos ter. Devia ser instintivo, como um reflexo repentino da alma. Nós seres humanos desistimos, é verdade. Mas não era lógico reerguermo-nos, folhas de Outono a cingirem o ar, tocando o chão ao de leve e de seguida, arrebitar de novo em direcção ao céu solarengo?
Falava-me disto, cantava-me ao ouvido. Por mim ficava ali o dia inteiro. Entre aquelas quatro paredes brancas que sabiam mais de mim do que eu própria.
Coordenação. Devia ser um hábito. Medir o tempo com uma régua, separá-lo em pedacinhos, tê-lo sossegadamente nas mãos. Eu devia ter escrito um texto argumentativo, para o ler aqui bem alto, sem que me pudesse perder nos meus inerentes dialectos, e pudesse dizer claramente, com palavras firmes e a negrito: p r e e n c h e - m e.
Preenchimento. Devia ser a tempo inteiro. Como uma música que cresce e se expande cá dentro, quente. Um sopro de uma outra boca, de dentro para fora, de ti para mim.
Saí, por fim.

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