terça-feira, junho 30, 2009

Chocolate com café


É irónico.
Eu quero que o tempo passe!
O amanhã não me cativa,
Sim é absurdamente irónico,
Mas o momento de agora não tem sabor...
Tenho saudade e sinto as pessoas longe...
Aptecia-me que o tempo passasse,
Ou então voltasse atrás,
O meio termo é doloroso.
Sim é isso.
Juntar todas essas pessoas num daqueles cafézinhos Acolhedores e giros,com música ao vivo,no meio de Lisboa.

E beber um chá de maçã e canela com alguém,
Sentir as mãos quentes abraçarem a pequena chávena...
Devia ser mesmo proíbido eu saber o amanhã,
Acordo do meu sonho de guitarra e sei-o.
Sei o amanhã...
Sim é claro que tudo pode acontecer e sabe-se lá o amanhã!...
Mas o metro continua igual,
E sei exactamente o que vou fazer,o que tenho de fazer.
Só nunca sei o que vou pensar,ou se penso de todo.
Penso na música e nas palavras
Nos abraços do meu irmão
Na constante vontade de dar um mergulho no mar
Na minha pouca paciência para compras
Penso no frio da manhã,a tocar na minha pele salgada...
Procurar algo em que acreditar ao longo do dia,
Através da camêra sem rolo,
Captar em cada espacinho vazio
O resto de um sonho,de um gesto,
Para mais tarde revelar...
E talvez o amanhã,seja isto!
Eu sem relógio no pulso.

Tu inspiras-me!


Quero-te sentir...
Fechada na minha mão
Pois a hora já me faz pensar,
Em folhas que deixo cair
Ou em ventos por que me deixo levar.
Quero...

A caneta foge-me,
E resta saber da nossa estranha natureza,
Se sei ou não
Viver ligada a ti.
É estranhamente perfeita,
Esta minha fraqueza
De querer de novo o que uma vez senti.



domingo, junho 28, 2009

Até já

Agora poderiam pensar que tudo o que resta é um caderninho rabiscado,sozinho.
Que tudo o que restaria no final seria o insuportável "Até sempre!".
Que tu e eu,acrescentássemos a palavrinha despedida ao nosso dicionário. Poderiam imaginar os abraços chorosos e ranhosos,as dedicatórias plagiadas,as promessas vindas do inferno,os famosos "Gostei muito de te conhecer!" e "Nunca te vou esquecer!",erros ortográficos mascarados por mais umas lágrimas finais...
Poderiam mesmo calcular que seria agora,neste tal último momento,que eu e tu iríamos aproveitar cada segundo ao máximo.
O que eu aprendi contigo foi,que é preciso viver cada segundo como se fosse o grande e derradeiro final.
Porque é sempre no final,no extremo dos sentimentos,que tudo importa,e é sempre no final,que se diz alto e bom som "Sempre!".
Para nós cada segundo era e é o início.
Sabem melhor estas palavras;início,momento,horários banidos...
Eu e tu somos assim,não procuramos o sempre,muito menos o fim.
Somos contradição da própria razão,do próprio ser.É o agora pintado.
O "agarrar o tempo" como só tu o fazes.
E esquecer as horas,esquecemo-nos constantemente das horas...
Poderiam pensar neste caderninho como refúgio de tudo o que vivemos.Mas não.
De cada vez que o abro,liberto notas do que somos para o que me rodeia.
O que vivemos,vive na nossa árvore,nos nossos lugares preferidos,viciantes.
Talvez,de cada vez que abra este caderninho queira que todas essas nossas vivências,libertas,se reúnam aqui.
Páginas à espera de todas elas,ansiosas por senti-las de novo e poder matar a saudade com montes de tinta,com montes de arte.
Depois as vivências partem,espalham-se por todo o nosso espaço ilimitado não planeado.
Nós estamos por aí,com o vento e com as ruas solitárias...
Até já e nunca cresças
!

sexta-feira, junho 26, 2009

If I were a painter

As pessoas têm pressa para tudo:
Pressa para comer
Pressa na estrada
Pressa para passearem os cães
Pressa para ver
Pressa para dormir
Pressa para crescer
Pressa para apanhar o metro
Pressa para sentir
Pressa para criar
Pressa para beijarem aquela pessoa
Pressa para sonhar
Pressa para serem encontradas
Pressa para ter e poder agarrar
As pessoas têm pressa que o tempo passe...
Podemos abrand
ar?

quarta-feira, junho 24, 2009

Porque não,um livro?

Às nossas árvores coloridas,ao nosso cão de olho verde,às tardes de pinceladas e Da Weasel,
Às palavras que não se precisaram de dizer,à telepatia,
E sobretudo a todos os que agarraram o bilhete,
Ao Fernando por nos conhecer tão bem em tão poucos segundos,
Ao falcão por falar com o olhar,
À pantera que aprendeu a voar,
E à minha borboleta,que me ensinou a nunca desistir do carrossel.

segunda-feira, junho 22, 2009

Aptece-me um After Eight...


Adoro o sabor da palavra!
Ah como me sabe bem!
Deslizá-la até ao céu da boca e sentir
De olhos fechados,
Cada letra doce e significados ousados,
Derreterem-se suavemente no meu ser...
Mergulhar no copo de Jazz e Bossa Nova
E saborear por entre os lábios molhados,
O travo leve de nostalgia
Em cada sopro e acorde.
Ficar embriagada com todo este alcoól de verbos e sons!
Sim,dá-me prazer saborear isto tudo!
E estar comigo e com este meu vício,
Que é o de consumir sentidos
Que nem eu própria sei sentir...

quarta-feira, junho 17, 2009

Gostamos do desconhecido

Sinto que já não sei...
As palavras fogem...
Na minha mente só um vazio
No turbilhão de sensações!
Parece que perdi o impulso que quebrava o frio
Agora só recordações,
A cor do meu pulso
Foge, como o falcão que desaparece...
A magia voa no ar...
Uma raposa corre imparavelmente
Contra o que se desvanece...
Alguma vez soubemos?
Mergulhámos no desconhecido colorido
E ganhámos asas a partir desse instante
E libertámos palavras,aprendemos que só assim têm sentido,
Gostam de voar como nós,
Nunca soubemos mas nunca duvidámos,
A incerteza em cada traço marca o carrossel,
Não é seguro,nem certinho,nem perfeito...
Mas sentes.Sentimos.
É o desconhecido que o faz colorir
Entre rios babados em passos
Que surgem livremente
Num rumo incerto a surgir,
Entre casas e árvores dos traços
Que marcamos em cadernos
E em almas a fugir
Dos seus próprios invernos,que são o medo de voar...
Assim desconhecidos a fluír
Guiados pelas voltas
Que nos fazem sorrir
Ás lagrimas que surgem
E partem nas revoltas
Que nos teimam em unir,
No desconhcido que sentimos...
No desconhecido que nos faz conhecer,
No desconhecido que nos completa.
Alguma vez precisámos de o saber?
De o materializar de o enjaular?
Apenas sentimos e isso só,revoluciona por si mesmo o "apenas".
Revoluciona cada significado,cada voo rasteiro e alto,
Sim por vezes tenho medo das alturas!
Do desafio que nós próprias traçámos,
Arquitecturas impulsivas,por vezes frágeis...
E caminhar pelo nosso sonho sozinha custa.
Mas depois vejo-te,branca e leve no meu olhar,
Sinto-nos em livros de capa verde,
E desenhos numa parede,
Abro o caderninho e liberto-me,
Voo ao vosso encontro,
Para por fim te abraçar,e nunca mais ter de regressar.
Tudo corre,demasiado rápido...
Nós inevitavelmente somos levados,
Num contraste de céus e mares
Azuis e verdes,laranjas pingados
Por todos os lugares
Voamos...
Em todos eles pintamos...
E sentimos o sabor do carrossel...
O nosso carro branco é futuro.
Sinto a distância de carros paralelos,
Sentidos opostos de um muro
Mas olho pela janela,
E vejo uma águia
Tento guardar a beleza, a segurança
Do voo que se revela,
Tento enjaular numa fotografia
A certeza que se alcança
De uma união que se eleva
De tudo que nos guia
Pelo nada sem rumo que é...
Falta-nos a viagem,
Sem direcção,
Falta-nos saltar em andamento da carruagem
E fugir do tempo sem paragem...
Ir com as cores do vento,as que nos guiam em sonhos,
Apertar o mar contra o nosso peito,
Renascer o fogo de olhares apagados,
Não ter certeza de nada,
Saber simplesmente que ao acordar,
Vou-vos ter ao meu lado,
Numa outra volta,
Numa outra casa sem farsa,
E saboreio,eu saboreio...
Nada falta...
Tudo isso é o que faço,todos os dias...
Voar,respirando todos os sinais que surgem,
Na rua as palavras que brincam connosco
Em todos os sorrisos que me invadias,
Saltávamos em andamento
Éramos levadas no espelho fosco
De reflexões difusas
Que nos enchiam a alma
De voos e cores claras
E nos libertavam, de todas as águas escuras
Que nunca nos pertenceram....
E até hoje, levados em estradas opostas
Estamos no mesmo sentido
Debaixo da nossa tenda
Azul e verde,num mar de árvores
Uma casa laranja e uma azul,uma falsa fenda,
as casass que bailam nos cinco,nos seis
Em todos os rios sem sul,
Apenas o sentido do carrossel,do voo...
Sem Vieira ou Reis,
Que também definem o sonho,
Apenas em Sereia e Borboleta...
Descobrem estes passos incertos
Levadas na direcçao das cores
descobrem falcões, panteras
E muitos mais voadores...
Num mar e num céu
Azuis e verdes, naturalmente sorrindo...
E nem me aptece terminar,
Quero esgotar as palavras até mais não,até me cansar!
Quero ser sereia no teu céu,quero que voes no meu mar!
Contemplar contigo cada nota musical,e respirar a natureza nunca banal.
E saber que a cada segundo estás em mim!
Hoje estive na Madragoa,cheia de ruinhas e ruelas,
Uma moça cheia de vida,cores,cheiros e sabores,
Vais amar estar naquele lugar,
Um dia levo-te lá,e desenhamos aquilo tudo...
Passar por onde já estiveste,e estás,
Passar a mão pelo tronco da árvore,
Onde está gravada a tua silhueta sem limites.
Quero descobrir o mundo contigo,
Aventuras e peripécias,
No oceano de árvores,tribos e mistérios,onde tudo começou...
Todos os lugares que hoje pisamos,
Todo o vento onde isto nos levou
Se completa, estas ruas opostas pertencem-se e unem-se na nossa dança,
Faz como o falcão diz:
Risca na pista...
Na nossa pista de voo...
Que presenciou todas as danças geométricas
Irregularmente surgindo,risca!
Tudo o que vês,tudo o que sentes...
Tudo o que te dei, arrisca!
Porque o carrossel é o risco...
É nele que sonhas...
É nele que viajas e que vives esta magia,
esta loucura, de poder dizer;
Eu voo...
Com o falcão...
Com a sereia...
Com a pantera...
Com novos membros sorrindo...
Anunciando,que nunca páram
As voltas de nos desnorteiam e nos guiam na voz surgindo,
Nestas mentes desassossegadas pelo mar sereno
Que as leva fora das encruzilhadas.
E acordo,e viajo de novo
No meu constante sorriso,
Porque sei que acordo acompanhada
Pelos peixes de um carrossel que voam no impreciso,
Da sua alma de pássaro azul,
Do verde pincel que nos une....
E tudo ganhou de novo sentido,porque é bom sentir o incerto...

sábado, junho 13, 2009

A ida

Vozes no sopro do entardecer.A agitação da multidão.
Linguagens notas sons verbos prestes a sucumbirem por entre as paredes.
E o desconhecido,imóvel.Ali à nossa espera.
Já se faz sentir,
Olhares vibrantes a cada pulsão espaçada
A lapiseira instintiva na mão descompassada,
Já se faz sentir a forma incrustada no espo que nos separa.

Cinco

segundos.

E
a pulsação acelera novamente e as vozes correm como sempre e a multidão segue sem direcção.
Fracção de segundo,
Aparentemente caminhamos,mas sei que corremos de o ofegante que o tempo é.
Não sinto as pernas, não sinto sequer o palavreado que seria acertado,
Os carros aceleram até ao semáforo indeciso,
O lixo esquecido no chão cria daas falantes mudas.
o olho para ti.Sei que ouves.
Ao virar a página,
Um voo picado de olhar apagado surge.Também parece correr.
Leve rotação do pensamento para a direita.
Todos os músculos desaceleram derrapando lentamente sobre o nada.
O espaço que cinco minutos nos separava,
Colide sem aviso.
Três bússolas desorientadas cruzam-se pela primeira vez.
Debaixo de luzes trémulas,no meio de barulho e de possibilidades,
Caminham sem mapa.
Sentindo apenas este instante,
Partem pela rua colorida agitada,
Vão somente,
Por aí,sem regresso
.

quinta-feira, junho 11, 2009

Sabores

Agarro as cores sinto-as.
Deito-me no chão ando descalça procuro novas perspectivas.
Consumo sons atrás de sons
Espalho as canetas as telas os mil e cinco livros no espaço que me caracteriza.
Que não é espaço nenhum.
Vou para a praia.
Fico na esplanada o dia inteiro.
Pedrada
com o sol a afundar-se no mar.
Apanho uma camionete qualquer.
Apenas oiço a chuva a cantar.
Não conto horas e quebro horários.
Viajo e tudo o que tenho é o meu caderninho.
Não tenho morada.

Manias

Raras pessoas me chamam Ana.
E é engraçado de facto,porque ou essas pessoas me conhecem extremamente bem ou,não me conhecem de todo.
Quanto às pessoas que realmente me conhecem,de cada vez que dizem Ana,sinto o cheiro caseiro da palavra,familiar,um som cheio de segurança.Ah e claro as abreviaturas!Cá para mim,é completamente lunático,abreviar algo que já é pequeno por si próprio...Lá entra a minha irmã pela casa a dentro,com "Nocas" para cá "Nocas" para lá e a minha avó que considera "Aninhas" um nome vindo dos céus,obviamente.A minha mãe facilita as coisas: Ana e está tudo bem.Ana Reis e é melhor começar a fugir.O meu pai gosta de criar nomes inexistentes,nomes de princesas e seres encantados,criatividade e imaginação não lhe faltam...Nisto devo sair a ele.
Ana.
Simples,demasiado certo e com um,também,certo toque de serenidade.
Por vezes penso que os meus escassos nomes não se conhecem.O último rebelde e irreverente,implica a torto e a direito com o primeiro certinho e direitinho,e o enfadonho do meio (nem eu tenho paciência para o do meio) tenta acalmá-los aborrecidamente,sempre sem qualquer tipo de sucesso.
Gosto de pensar que se completam.Cada um à sua maneira.
Pondo de fora a minha família,que ganhou naturalmente todos os direitos de me chamar Ana assim como os seus derivantes,há aquele grupo de pessoas que conhece cada mania minha,ainda assim há quem se descuide e diga calorosamente "Olá Ana!".Não é grave.Esta pessoa também conhece perfeitamente qual vai ser a minha reacção;geralmente não olho à primeira e faço um ar de escandalizada ao aperceber-me da situação.Depois grito autoritariamente "Não me chames Ana!"
Caramba!Não deveria haver alguma alma santa que pensasse e repensasse no nome perfeito e ideal para cada pessoa?O nome designa,qualifica,elege!Como é possível os nossos pais,terem a impossível tarefa de escolherem o nosso nome quando,supostamente,ainda nem sequer nos conhecem?!Acho toda esta questão de nomear complicada...
Em relação às outras pessoas,que coitadas não têm culpa nenhuma,simplesmente ouvem todos os dias na chamada "Ana Reis número quatro?!" e optam pelo primeiro nome,o direitinho.No entanto dizem-no baixinho como se não tivessem a certeza.
Já reparei,ninguém sabe como designar os outros,seja desconhecido ou conhecido,é difícil resumir alguém a um nome só.
Por fim,existem pessoas especiais.Aquelas pessoas que apenas se cruzam com o meu olhar e entendem-no.Que desafiam todos os significados possíveis da palavra conhecer e juntam tudo o que sou num simples nome.Aqui,ouvir o Ana sabe bem.
Sou uma Ana que não gosta que lhe chamem Ana,com a mania da exclusividade,sem dúvida.
O que é que querem?
Não gosto que me chamem Ana!

terça-feira, junho 02, 2009


Concorrentes finalmente

EsquivRápidos77Impetuoso7Em que me abafoEnevOadoProlongarcondescpreenchoendênciacontemporização

Dias que não preencho.Que não ocupo.
São semanas,
semanas longas
de meses sufocantes
e secretárias dessarrumadas
e guitarras num canto
e pincéis nos meus tons favoritos...
São dias que não percebo.
Segundos de vinte e seis horas.
É o tempo,
a troca programada dos números.
As minhas conchas sem praia...


segunda-feira, junho 01, 2009

Consciente inconsciente

Não vais estar.
Nos campos verdes
Nas árvores levitantes
No céu afogado pelo mar.

Onde vais estar?
Na rosa dos ventos sem pétalas
Em barcos sem velas...
Para mim,estás.Tu estás.
Por isso é que não ouvi.Recusei-me a sentir
A tua voz ao fundo,a construír a frase "Não vou estar..."
Três palavras,quatro sílabas

mudas.