quinta-feira, agosto 27, 2009

Os teus Ray Ban

Porque te escondes no meio da neblina tardia?
Tudo o que me lembro é de ti e os teus Ray Ban desalinhados
Lembro-me das palavras serem breves folhas de Outono.
Da tua cara ser um rochedo
E tu insistes,insistes ser um rochedo
Daqueles que não se movem,
Daqueles que têm medo.
Tudo o que me lembro é ser o teu mar
De te abraçar
Sem tempo questões fundamentos subtracções,
Por te ver,
Acreditar que és e podes ser
Um rochedo,
Mas daqueles que tocam o céu
Daqueles que não têm medo de ter medo,
E de cada vez que te dou a mão
És pena leve ao vento.

A abarrotar de ti

domingo, agosto 23, 2009

Foras de jogo


Quem quer que foi que disse "O amor é um jogo" tinha e tem toda a razão do mundo.
E eu só ganhei noção da veracidade desta frasezita hoje. Desta frase feita. Deste cliché.
Oh não! Será que todas as frases feitas e bonitas são assim tão certas,tão verdadeiras?
Bem prosseguindo, o amor então é um jogo, afirmativo. Quantas não foram as vezes que me atirei à "bola" e esfolei os joelhos todos, os cotovelos, e ganhei nódoas negras para sempre. Quantas faltas cometi e quantos cartões vermelhos de ironia vi! Quantas vezes estive fora de jogo.
Ok. Já aceitámos, o amor é mesmo um jogo. Mas que jogo? E mais importante que isso,quais as regras? Em relação à primeira dúvida a conclusão a que cheguei é bastante avassaladora. Foi a seguinte: o amor são todos os jogos ao mesmo tempo, e ao mesmo tempo todos os jogos não são o amor. Confuso? Eu explico; o amor pode ser comparado ao xadrez,pela paciência, agilidade e inteligência que se tem de ter, pelo instinto preciso e certeiro duma suecada, pelo forte bluff do póker, e acreditem quando vos digo que este trunfo é capaz de ser o mais importante! A apneia, acho que não se pode considerar um jogo, mas não deixa de ser uma modalidade que reúne um ponto extremamente essencial nesta coisa do jogo do amor: aguentar o máximo de tempo sem respirar e (de preferência) sem nos afogarmos! O karaté, para os golpes baixos e dolorosos, mesmo no meio do coração, os saltos em altura em comprimento, de forma a saltarmos por cima dos obstáculos,o mais longe e alto possível. O tradicional jogo das escondidas e apanhada, e isto é fácil: Se eu corro, fujo e me escondo, tu encontras-me
apanhas-me e agarras-me, simples não é? Não... Não podia ser assim tão simples, e disto "jogamos" mais para a frente... No que toca à segunda dúvida, a das regras, a resposta é claramente e redondamente NÃO! Antes houvessem e lá quebrávamos uma de vez em quando, só por gozo só por rebeldia... Mas não! É tudo ao molho e fé em Deus, sem limites sem absolutamente nada! Rien de rien! Ámen!... Ficaram na mesma confusos? Eu também.
Volto agora à provavelmente mais importante característica que um jogador do amor must have! O bluff. O infalível do bluff. Ora bem, no póker um bom bluffer é um bom jogador porque engana os adversários, fazendo-os pensar que eles é que têm o mau jogo, fazendo-os acreditar que vão perder,fazendo-os hesitar. E assim o bom do bluffer ganha. No amor é igual. Já foi cientificamente provado e mais que testado: as pessoas querem sempre o que não têm. E aqui está uma grande característica do ser humano da qual devemos usar e abusar a todo o custo. Exemplo: Eu digo que te amo,tu foges. Eu digo que não te amo e tu cais, hesitas, recuas (neste caso avanças) que nem um patinho. Certinho e direitinho.
No amor façam ao outro, o que odiassem que ele vos fizesse a vocês. Ajam no sentido contrário dos ponteiros dos vossos sentimentos, digam barbaridades sem lógica possível, discutam e digam barbaridades mais um bocadinho, cansem-se e repitam tudo outra vez, não cedam nunca e alcançam a vitória, tornam-se treinadores do próprio jogo, tomam o controlo e marcam o golo. E agora pensam vocês intrigados, porquê esta confusão toda, porquê o suor quando tudo tudo tudo pode ser simples. Eu digo-vos; o ser humano não é simples, não diz logo o que lhe vai na alma, não cedem, são complicados, dizem. Queriam tudo também?? Tudo e mais umas bolachinhas?! Não se pode ter tudo, mesmo que esse tudo seja mesmo tudo o que precisamos. Ou, se calhar as pessoas têm só medo. Medo de confiar mudar avançar. (Não as censuro!).
Então fazem do amor um jogo, uma guerra, com armas tropas e mortes! Tudo o que uma boa guerra tem direito! E algumas pessoas magoam-se. Outras morrem. E como geralmente ninguém ganha, todos perdem, as pessoas não param e continuam neste ciclo vicioso de encontar e matar encontrar e matar...
Não não. As pessoas são só complicadas, coitadas.
Porque seria absolutamente ridículo chegar ao pé de ti e dizer amo-te. Certo?

quinta-feira, agosto 20, 2009

Página cruzada



Gostava de voltar a escrever.
Quando não pensava sequer duas vezes na palavra prestes a pintar,
Quando a atirava contra o papel salpicada, ilegível, quando não a percebia.
Gostava de escrever outra vez, daquela maneira,
Quando não percebia as palavras mas elas percebiam-me a mim.
Eu gosto. Quando cruzo as pernas,
Apanho o cabelo num gesto desajeitado
Com o caderno deitado sobre mim.
E as palavras lá, a dançarem ao som do nada.
A dançarem comigo. Não danço há séculos.
Eu gostava quando elas me percebiam
Quando beijava o papel e elas assim acordavam,
De dias e noites em que não ia até ao meu inferno.
Ao meu doce inferno de palavras
Que incendiava o papel
Em chamas viradas do avesso.
Agora trocámos (mais ou menos) de papéis.
Agora penso pelo menos cinco vezes
Antes de atirar a palavra contra a tela.
Penso tanto que, na maior parte das vezes,
Acabo por não salpicar nada
E deixo a parede em branco,lisa.
Continuo sem as perceber
Mas elas também já não me percebem a mim.
Já não dançam comigo.
Já não se encostam aos meus lábios.
O nosso beijo esfumou-se
Lenta lenta lentamente,
Como o nevoeiro ao longe...
Já não sabem de nada.
Já não sabem a nada.
As palavras já não sabem de mim.
Não tenho ido ao meu inferno
Onde elas me revelavam
Onde elas gritavam por mim.
Gostava que elas falassem, outra vez.


segunda-feira, agosto 10, 2009

Fuga

Ponto de fuga
Eu corro...

domingo, agosto 09, 2009

Corda bamba


Relembra-me
as estações do nosso ser,
As pausas e travagens em cada toque
Que não eram por querer,
Eram por mera "sorte".
Como jogámos o jogo da corda bamba
E nos tornámos peritos
Neste samba
Amador e sem limites.
Quando não o dizíamos era por ser verdade
Se sem querer caíamos e deslizávamos
A verdade é que era a mentira.
E no momento em que afirmávamos
Que o nosso campo de jogo
Tinha as quatro linhas
Era para nos convencer e enganar
Pois o que sempre quisemos
Era o que realmente amávamos
(E continuamos a amar).
Relembra-me só as estações
Que contigo senti
Não dances tão longe
Que eu já te vi.

Horizontal



Aquela perfeita desarrumação
E as aguarelas no horizonte do meu olhar...



sexta-feira, agosto 07, 2009

Repetições Repensadas


Escrevo escrevo escrevo
Sem relevo com relevo sem revelar
Com sem medo
Escrevo por achar que os outros deviam escrever,também,
Mas sei que sim
Uns escrevem sem caneta outros sem faceta...
Escrevo escrevo escrevo
Erro erro erro
Saberias que o recorte do papel é meu,um dia.
E que quando ponho os pés no ar
É por não saber caminhar.
Saberias acima de tudo a balada da correria.
Escrevo escrevo escrevo
Com enredo sem enredo
Escrevo por achar que assim percebo
A falta do raio do enredo,
O ombro amigo do medo
Que me abraça mas eu largo
E escrevo escrevo escrevo.




sábado, agosto 01, 2009

Fall in




...Don´t worry if we fall in love
We will never touch the ground...