domingo, agosto 23, 2009

Foras de jogo


Quem quer que foi que disse "O amor é um jogo" tinha e tem toda a razão do mundo.
E eu só ganhei noção da veracidade desta frasezita hoje. Desta frase feita. Deste cliché.
Oh não! Será que todas as frases feitas e bonitas são assim tão certas,tão verdadeiras?
Bem prosseguindo, o amor então é um jogo, afirmativo. Quantas não foram as vezes que me atirei à "bola" e esfolei os joelhos todos, os cotovelos, e ganhei nódoas negras para sempre. Quantas faltas cometi e quantos cartões vermelhos de ironia vi! Quantas vezes estive fora de jogo.
Ok. Já aceitámos, o amor é mesmo um jogo. Mas que jogo? E mais importante que isso,quais as regras? Em relação à primeira dúvida a conclusão a que cheguei é bastante avassaladora. Foi a seguinte: o amor são todos os jogos ao mesmo tempo, e ao mesmo tempo todos os jogos não são o amor. Confuso? Eu explico; o amor pode ser comparado ao xadrez,pela paciência, agilidade e inteligência que se tem de ter, pelo instinto preciso e certeiro duma suecada, pelo forte bluff do póker, e acreditem quando vos digo que este trunfo é capaz de ser o mais importante! A apneia, acho que não se pode considerar um jogo, mas não deixa de ser uma modalidade que reúne um ponto extremamente essencial nesta coisa do jogo do amor: aguentar o máximo de tempo sem respirar e (de preferência) sem nos afogarmos! O karaté, para os golpes baixos e dolorosos, mesmo no meio do coração, os saltos em altura em comprimento, de forma a saltarmos por cima dos obstáculos,o mais longe e alto possível. O tradicional jogo das escondidas e apanhada, e isto é fácil: Se eu corro, fujo e me escondo, tu encontras-me
apanhas-me e agarras-me, simples não é? Não... Não podia ser assim tão simples, e disto "jogamos" mais para a frente... No que toca à segunda dúvida, a das regras, a resposta é claramente e redondamente NÃO! Antes houvessem e lá quebrávamos uma de vez em quando, só por gozo só por rebeldia... Mas não! É tudo ao molho e fé em Deus, sem limites sem absolutamente nada! Rien de rien! Ámen!... Ficaram na mesma confusos? Eu também.
Volto agora à provavelmente mais importante característica que um jogador do amor must have! O bluff. O infalível do bluff. Ora bem, no póker um bom bluffer é um bom jogador porque engana os adversários, fazendo-os pensar que eles é que têm o mau jogo, fazendo-os acreditar que vão perder,fazendo-os hesitar. E assim o bom do bluffer ganha. No amor é igual. Já foi cientificamente provado e mais que testado: as pessoas querem sempre o que não têm. E aqui está uma grande característica do ser humano da qual devemos usar e abusar a todo o custo. Exemplo: Eu digo que te amo,tu foges. Eu digo que não te amo e tu cais, hesitas, recuas (neste caso avanças) que nem um patinho. Certinho e direitinho.
No amor façam ao outro, o que odiassem que ele vos fizesse a vocês. Ajam no sentido contrário dos ponteiros dos vossos sentimentos, digam barbaridades sem lógica possível, discutam e digam barbaridades mais um bocadinho, cansem-se e repitam tudo outra vez, não cedam nunca e alcançam a vitória, tornam-se treinadores do próprio jogo, tomam o controlo e marcam o golo. E agora pensam vocês intrigados, porquê esta confusão toda, porquê o suor quando tudo tudo tudo pode ser simples. Eu digo-vos; o ser humano não é simples, não diz logo o que lhe vai na alma, não cedem, são complicados, dizem. Queriam tudo também?? Tudo e mais umas bolachinhas?! Não se pode ter tudo, mesmo que esse tudo seja mesmo tudo o que precisamos. Ou, se calhar as pessoas têm só medo. Medo de confiar mudar avançar. (Não as censuro!).
Então fazem do amor um jogo, uma guerra, com armas tropas e mortes! Tudo o que uma boa guerra tem direito! E algumas pessoas magoam-se. Outras morrem. E como geralmente ninguém ganha, todos perdem, as pessoas não param e continuam neste ciclo vicioso de encontar e matar encontrar e matar...
Não não. As pessoas são só complicadas, coitadas.
Porque seria absolutamente ridículo chegar ao pé de ti e dizer amo-te. Certo?

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