sábado, abril 30, 2011

Pequenas gotas caiam da palma da minha mão. Não eram leves, eram precisas, um voo picado até ao chão. Silêncios desapontados debaixo da areia não eram mais do que o rugido cansado da praia, e de tudo o que a maneja. Ao longe, ouve-se, passos espelhados nas manobras do que foi uma onda. Pequenas gotas caiam, salgadas, da ponta dos meus dedos, já sem despeito, na espuma encaracolada do teu cabelo.

terça-feira, abril 19, 2011

quarta-feira, abril 06, 2011

Volume I








O silêncio amachucado faz mais sentido que uma janela aberta. Interrompe-nos assim; com toda a sua necessidade de se exprimir. Passo quase todos os dias pelo correio, a ver se te encontro, porque me trazes poesia dentro de envelopes e porque me obrigas a olhar para dentro, à procura das minhas mesmas pausas. Há quem pense que o silêncio é incontínuo, que dura uma página, uma linha, uma letra, um ponto, um olhar. - (e o olhar vem antes ou depois do ponto?) - Que tipo de poeta é aquele que cola o silêncio na ponta dos dedos? Impressões digitais, meras volúpias luminosas... Passo quase todos os dias pelo correio, só a ver se me obrigas a falar. A interromper o silêncio e a amachucá-lo vaga, vagarosa e valiosamente: amachucado contra a minha mão. E já sem o quase, passo todos os dias por ti, a ver se me entregas linhas transformadas em versos que atiras de propósito para um canto de algum bloco de notas, blocos dos teus pensamentos, e pensamentos de quem dorme ao frio; de quem não sabe amachucar, dessa maneira, o silêncio.