quinta-feira, dezembro 24, 2009

Canela Tangerina Cenoura



Trespassei a porta. Ah o ar fresco da rua, o azul acinzentado acima de mim! O cheiro a Natal que invadia o lá fora solitário, através das janelas quentes, iluminadas. Ouviam-se gargalhadas estridentes e conversas de mesa alegres. Ali, à minha volta parecia reinar uma calmaria apaziguante, como se todo o mundo tivesse decidido que hoje, hoje era dia para estar em casa, aconchegados pelos que mais amamos, aninhados a sorrisos deliciosos, açucarados. Fiquei ali a saborear aquilo tudo sem pressa nenhuma; as árvores estáticas, a relva húmida, o cheiro a terra, o vento doce na minha cara. Naquele lusco-fusco entardecido, ao longe apenas se via as milhares de janelas amarelas vermelhas reluzentes, tudo parecia tão confortável e seguro. A paz do silêncio. Como se os ponteiros do relógio finalmente tivessem congelado com este frio. Que bom, pensei. Tão boa esta sensação, de poder sentir devagarinho o abrandar de tudo.
Entrei de novo em casa, um perfume a canela tangerina cenoura preenchia o ar. Sonhos. Corri, abracei tudo, abracei-me, abracei o medo, algum receio que alguma vez me pudesse ter tocado. E comi sonhos atrás de sonhos, senti-me quente, livre. Com os lábios cheios de açúcar sorri de corpo inteiro, olhei em volta e pensei, pode ser algo assim tão perfeito?

Um Natal adocicado e aconchegador a todos!

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