quarta-feira, dezembro 16, 2009

Auto-(sonhadora) retrato?

Uma palavra que me defina? Sonhadora.
Duas palavras? Altamente sonhadora.
Três? Aterrorizadamente altamente sonhadora!

Arquitectura não, design de comunicação nem pensar, professora de história de Arte ou de geometria? Por amor da santa. Escritora, pintora? Sou-o a full time.
Andava eu nisto já há uns bons dias, com um vazio no estômago pois faltava-me um sonho desenhado ao de leve, para me guiar. Recompor. Erguer-me de lençóis escuros tristes, amanhecer amanhecer re-sentida. E hoje, pensando em sonhos, vim vasculhar aqui bem dentro, aos arquivos da alma algo que me fizesse tremer de entusiasmo, uma corda pequenina a que me pudesse agarrar. Depois de muitos «não sei», «oh meu Deus!» e «vou para o desemprego!», depois de um café falsificado, depois do remoinho de saudade com «how i wish you were here» e depois de uma conversa aconchegadora que dava um grande poema, o Mar abraçado à menina Lua sentiu-se preenchido aos poucos e poucos, quarto crescente maré vazia. Foi ao som de musicais, já esvaziada, ao som de Eddie Vedder, ao som de risos e maluqueiras soltas que malucamente sorri também e soube. Não decidi, não carreguei a carvão escuro o futuro, não prometi nada a mim mesma. Acreditei, simplesmente agarrei-me a essa corda pequenina, a esse sonho. E permaneço a dançar, a desandar, a aLuaMar, a sonhar, a re-criar, a abraçar, a dissertar, a voar. Quem sou eu hoje? A miúda que anseia por comboios, ali a miúda do chão, a miúda dos recortes, a miúda das mãos pintadas, a miúda despenteada, a miúda que quer fazer Teatro, a miúda despistada, a miúda que corre para o autocarro, a miúda que planta geometria, a miúda atrasada, a miúda que rodopia, a miúda frágil, a miúda-sereia, a miúda sem horas, a miúda dos olhos brilhantes, a miúda do lenço desajeitado, a miúda naturalmente maluca, a miúda do caderninho mágico, a miúda que come gelado faça chuva ou sol, a miúda teimosa, a miúda que rabisca e perde tudo, a miúda musical, a miúda que há-de re-ser para todo o sempre miúda.

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