Duas palavras? Altamente sonhadora.
Três? Aterrorizadamente altamente sonhadora!
Arquitectura não, design de comunicação nem pensar, professora de história de Arte ou de geometria? Por amor da santa. Escritora, pintora? Sou-o a full time.
Andava eu nisto já há uns bons dias, com um vazio no estômago pois faltava-me um sonho desenhado ao de leve, para me guiar. Recompor. Erguer-me de lençóis escuros tristes, amanhecer amanhecer re-sentida. E hoje, pensando em sonhos, vim vasculhar aqui bem dentro, aos arquivos da alma algo que me fizesse tremer de entusiasmo, uma corda pequenina a que me pudesse agarrar. Depois de muitos «não sei», «oh meu Deus!» e «vou para o desemprego!», depois de um café falsificado, depois do remoinho de saudade com «how i wish you were here» e depois de uma conversa aconchegadora que dava um grande poema, o Mar abraçado à menina Lua sentiu-se preenchido aos poucos e poucos, quarto crescente maré vazia. Foi ao som de musicais, já esvaziada, ao som de Eddie Vedder, ao som de risos e maluqueiras soltas que malucamente sorri também e soube. Não decidi, não carreguei a carvão escuro o futuro, não prometi nada a mim mesma. Acreditei, simplesmente agarrei-me a essa corda pequenina, a esse sonho. E permaneço a dançar, a desandar, a aLuaMar, a sonhar, a re-criar, a abraçar, a dissertar, a voar. Quem sou eu hoje? A miúda que anseia por comboios, ali a miúda do chão, a miúda dos recortes, a miúda das mãos pintadas, a miúda despenteada, a miúda que quer fazer Teatro, a miúda despistada, a miúda que corre para o autocarro, a miúda que planta geometria, a miúda atrasada, a miúda que rodopia, a miúda frágil, a miúda-sereia, a miúda sem horas, a miúda dos olhos brilhantes, a miúda do lenço desajeitado, a miúda naturalmente maluca, a miúda do caderninho mágico, a miúda que come gelado faça chuva ou sol, a miúda teimosa, a miúda que rabisca e perde tudo, a miúda musical, a miúda que há-de re-ser para todo o sempre miúda.
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