quinta-feira, novembro 12, 2009

Inacabados?

A guitarra que me prende a alma

É uma outra, uma de papéis amachucados

Uma que não foi salva, por gestos falantes

Perdera o nome, pois a mudança era teimosa.


As cordas que me desenham o corpo

Desafinadas, quebraram-se de vez

Na linha do meu olhar, que já só viu

Umas costas ao longe, mas que

Jurou ver música nesses traços.


A mão que ainda ali se mantinha

Sob as minhas palavras (não ditas)

Permanecia autêntica,

No modo como absorvia cada letra

Como se fosse sede, sede por saber saborear

O que era difícil de matar.


O timbre que me canta não foi,

Não esteve, não soube estar.

Mas sempre cantou, acreditou

Noutros traços que não souberam sonhar.


E aí tens, inacabados traços

De uns lábios mudos pela noite

De um corpo mal desenhado

De uns braços, teus.

O absorver das notas intocáveis...

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