sexta-feira, março 20, 2009

Hoje não sou

Hoje não sou.
Simplesmente,
Estou.

Não sou aquele semáforo verde...
Nem a paragem agitada
Nem sequer,
O graffiti,
na parede desmaiada...
Não sou o que vemos e queremos,
Isso era demasiado facilitado.
Não sou o estacionamento improvisado
Não sou rock nem sou fado.
Nunca o beco,sem saída
Ou essa felicidade,agora quase falida...
Não sou um cruzamento sem sentido,
A ultrapassagem inconsciente,
Do ser para o estar,do estar para o ser.
A curva apertada,
De uma vida descontrolada.
Muito menos o céu,
Que é sempre indiferente.

Porque,hoje não sou.
Simplesmente,
Estou.

Estou no tempo,
Que as pessoas não têm.
Na loja vazia
Na frenética correria,
Dos medos que vão e vêm.
No papel desfeito,
Que antes fora rasgado
Por alguém que não aguentou,
(ou não quis aguentar)
Perceber o seu significado.
No desespero de uma fila,
Onde a pressa rouba o momento.
No autocarro sobrelotado,
A paciência tem um novo rótulo:esgotado.
No verbo viver que se encontra fora de prazo
No baile de máscaras completamente falso...
Nas horas incendiadas pelo tempo,
E grande culpado disto
É o meu inocente pensamento...
No correr devagar e andar depressa.
No realmente importante e no que raramente interessa.
No barulho da rua calada
No chão repleto de tudo e de nada.
No reflexo da montra,
suja e roubada.
Estou sempre onde os outros não estão,
Por isso eu estou,
E eles são.

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