domingo, setembro 16, 2012

A cola vende-se em packs de dois

Lê-se
              (...)é moreno e tem olhos de mel, sinceros (...)
 
 
A montra a enquadrar-te os ombros. Carregam melodias suspeitas, os teus ombros. Fazes construções falsas em papel quando estás nervosa. Este, particularmente, com aviões franceses azuis e vermelhos estampados nas bordas da composição amarela de sinopses a que chamavas de papel. As unhas, mão de oleiro e o cabelo, triste.
 
Tornou-se um hábito; verificar e reverificar cada palavra escrita para tomar o sentido à questão. Arrumá-la. Procurá-la e encontrá-la. Sei que à noite ficas a ver os aviões ao longe, a ver se não caiem na tua direcção. Porque se caíssem, tu estarias atenta e haveria possibilidades, havia a fuga.
 
                                                       (...) a olhar para o céu tão azul.
 
Lembro-me que assenti com o nariz quando falaste de paz aqui, e pareceu-me que ignorei outros refúgios. Na tua nuca há paz, não é só em mim.

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